Caetano Veloso e Michael Jackson
Dos artistas brasileiros, Caetano foi quem se manifestou de maneira mais sincera e contundente a respeito da morte do Rei do Pop, ao escrever o artigo “O anjo e o demônio da indústria cultural” exclusivamente para o site da revista Rolling Stone Brasil:
“A notícia da morte de Michael Jackson foi um grande abalo. Cheguei ao Teatro do Sesi de Porto Alegre e ao ser informado pensei imediatamente em meus filhos Zeca e Tom. Logo Daniel Jobim me veio à mente. Ele é conhecedor e devoto de Michael desde a infância. Moreno, meu filho mais velho, que é amigo de Daniel, também dedicou afeto intenso à figura desse gênio do nosso tempo. Mas são meus filhos menores que hoje se sentem mais atraídos por seu estilo.
“Como todo mundo, acompanhei Michael desde que ele era pequeno. Como todo mundo, fiquei siderado pelo cantor e dançarino de ‘Off the Wall’ e ‘Thriller’. Como todo mundo, fiquei entre fascinado, enojado e apreensivo diante das transformações físicas por que ele passou. O que quer que tenha havido entre ele e aqueles meninos cujos pais o processaram, acho-o moralmente superior a esses pais.
“Michael é o anjo e o demônio da indústria cultural. A serpente do seu paraíso e seu mártir purificador. Os talentos artísticos extraordinários frequentemente coincidem com vidas torturadas e enigmáticas. Michael era um desses talentos imensos. Dançando ‘Billie Jean’ na festa da Motown ele foi sim tão grande quanto Fred Astaire: comentava o Travolta de Saturday Night Fever e o Bob Fosse do Pequeno Príncipe (este, uma influência fortíssima e evidente, que nunca vi mencionada). Vou entrar agora no palco pensando em Tom, Zeca, Moreno e Daniel - e, com um nó na garganta, no sentido da nossa atividade. Ele a representava em sua totalidade, fulgurantemente, tragicamente, divinamente.”
Por sinal, o artista baiano já havia gravado Michael Jackson duas vezes. A primeira foi no medley que reunia “Billie Jean” a “Nega Maluca” e “Eleanor Rigby”, dos Beatles, no epônimo disco de violão-e-voz que Caê gravou em Nova York em 1986, inicialmente direcionado ao mercado americano – e que foi editado no Brasil quatro anos depois.
E a segunda foi a citação de “Black Or White” na introdução da sua discursiva “Americanos”, do ótimo CD Circuladô Vivo, lançado em 1992.
Veja o vídeo do medley “Nega Maluca/Billie Jean/Eleanor Rigby”, gravado no extinto programa Chico & Caetano:
Tom Neto
Caetano Veloso e Michael Jackson
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9:30 AM
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