Fã de Tropicália e Michael Jackson, Kimbra convida Olodum para festival
Kimbra não vê a hora de se apresentar ao lado do Olodum, de quem se tornou fã desde que os viu tocando no clipe de “They don’t care about us”, de Michael Jackson. Foi da cantora, nascida na Nova Zelândia, que partiu o convite para a parceria com o grupo baiano. Durante a apresentação no Palco Sunset, no domingo (15), Kimbra e Olodum irão tocar a música de Jackson que os aproximou.
A cantora se tornou mundialmente conhecida no ano passado, após seu dueto com Gotye em “Somebody that I used to know”, que rendeu a ambos um prêmio Grammy e perto de 430 milhões de acessos no YouTube. A música tem como inspiração assumida “Seville”, uma bossa nova do disco “Luiz Bonfá plays great songs”, de 1967. Um ano antes, porém, a cantora, que começou a compor quando tinha apenas 12 anos e ganhou seu primeiro violão, lançou seu disco de estreia, “Vows”. Em entrevista ao G1, a artista de 23 anos comemora a oportunidade de cantar no mesmo dia de Justin Timberlake e George Benson, se declara fã da Tropicália e do jazz brasileiro e explica porque faz questão de adotar uma identidade visual tão marcante. “Música é mais do que simplesmente o áudio”, resume.
"Björk é um ótimo modelo em termos de atitude, gosto de como se mantém fiel ao universo que ela criou. E de como usa voz como um instrumento, isso me ensinou a ser menos medrosa em relação à forma como lido com a música" Kimbra, cantora.
G1 – Esta é sua primeira visita ao Brasil? Quais suas expectativas em relação ao Rock in Rio e à chance de tocar para um público tão grande?
Kimbra - Sim, é minha primeira vez em qualquer lugar da América do Sul, na verdade, então estou muito empolgada. Há muito tempo eu tenho vontade de ir para essa parte do mundo. Sei um pouco sobre o festival, já ouvi muito sobre o quanto ele é incrível. Amigos meus já tocaram antes, Daniel Johns participou do meu disco e ele já esteve aí com o Silverchair e me disse que é o melhor festival de todos. Sei que vou cantar no mesmo dia que Justin Timberlake, o que é uma loucura, e George Benson, que é um dos meus artistas favoritos. Isso é muito empolgante.
G1 – E o que você já conhece do Olodum, com quem vai se apresentar? Pode adiantar alguma coisa sobre como vai ser a parceria de vocês?
Kimbra - Descobri Olodum através de Michael Jackson, sou muito fã dele e adoro aquela música da qual eles participam (“They don’t care about us”). Sei também que gravaram com Paul Simon. Nós discutimos bastante sobre com quem trabalhar no festival, pensamos em Sepultura também, foi realmente difícil escolher alguém. Mas, em relação ao Olodum, bem, sempre sonhei em trabalhar com percussionistas, com o estilo de percussão dos brasileiros. Então quando descobrimos que eles estavam livres e disponíveis foi perfeito, e acho que vai ser uma parceria maravilhosa. O setlist ainda é meio que surpresa, mas com certeza vamos incluir algumas músicas do meu disco, e estou realmente muito empolgada para vê-los colocando algo novo nas faixas. Gostamos de mudar um pouco as coisas ao vivo, estamos planejando deixar as canções um pouco mais pesadas, e nos focaremos bem mais nos elementos rítmicos. Vai ser realmente divertido ver o que eles trarão para as músicas.
G1 – 'Somebody that I used to know' foi inspirada pela Bossa Nova. Você tem alguma relação especial com a música brasileira?
Kimbra - Você acha que ela é similar ao estilo da Tropicália? Acho que é um pouco, não? E sim, claro que existem brasileiros que eu gostaria de conhecer, são tantos. O Brasil é incrível em termos de jazz e, como mencionei, tem a Tropicália. Por isso, quando estiver aí quero muito tentar descobrir o máximo de música que puder, talvez sair para comprar uns discos e conhecer mais sobre a cena musical, porque acho que é o tipo de lugar ao qual eu adoraria voltar para fazer um disco e me inspirar.
G1 – Você começou a compor bem nova. Alguma vez chegou a pensar em fazer outra coisa além da música?
Kimbra - Eu estava pronta para ir para a universidade quando tinha 17 anos, queria estudar Letras. Quer dizer, sabia que música era o que eu queria fazer, e sabia que sempre o faria, de alguma forma, mas talvez apenas tocando em bares, sem que isso fosse necessariamente uma carreira. E eu me sentia muito certa sobre tudo isso, mas quando tive a oportunidade de me mudar para Melbourne, aos 17, e de ter o apoio do meu empresário e gravar um disco, decidi que era aquilo. Mas foi algo totalmente natural, senti que era o que eu deveria fazer e tive oportunidades que não poderia jogar fora.
G1 – Seus clipes são bastante elaborados, assim como a arte que acompanha seu disco e até mesmo suas roupas. O quanto essa identidade visual marcante é importante em seu trabalho?
Kimbra - Quando estou trabalhando em uma música eu penso logo de cara nos elementos visuais e tento torná-la cinematográfica de alguma forma. Tento criar um universo, para que quando as pessoas fechem os olhos suas imaginações continuem. Passo muitas horas trabalhando duro nos vídeos e obviamente também nas sessões de fotos, porque acho que a música é mais do que simplesmente o áudio. Ela é na verdade uma combinação de sensações. E então é claro que em nossos shows tentamos abordar esses elementos também. Para mim essa mistura dá às músicas mais vida, mais psicodelia.
G1 – Muita gente cita Björk quando falam de você. Você acha que essa comparação é justa? E a quem mais gostaria que as pessoas te associassem?
Kimbra - Isso é interessante, acho que Björk é um ótimo modelo em termos de atitude também, gosto de como se mantém fiel ao universo que ela mesma criou. E também de como usa sua voz como um instrumento, isso me ensinou a ser um pouco menos medrosa em relação à forma como lido com a música. Mas, sim, existem outros artistas em quem me inspiro, claro. Em termos de pop, Janelle Monáe é incrível, ela representa bem as garotas trazendo de volta o funk e o r&b de uma forma tão inovadora, realmente gosto muito disso. Também tenho trabalhado bastante com Thundercat em meu novo disco, e adoro o que ele faz com o Flying Lotus. Tenho ouvido muitos produtores também... é difícil citar só alguns nomes, são tantos aqueles que me inspiram!
G1
Fã de Tropicália e Michael Jackson, Kimbra convida Olodum para festival
Reviewed by MJFans BR
on
9:46 PM
Rating:
Nenhum comentário: